Porto Sul?

Não temos nada contra um polo exportador de minério de ferro no litoral da Bahia. O que não se pode admitir em pleno século 21 é que para beneficiar uma única empresa asiática (a Bamin) esse complexo destrua um dos mais preciosos patrimônios ecológicos brasileiros, a Área de Proteção Ambiental da Lagoa Encantada. E nem que rompa o equilíbrio social e econômico de toda a região para que os chineses tenham minério de ferro mais barato.





sábado, 17 de abril de 2010

"Apoio popular": o retrato de uma farsa

Audiência pública teve lanche, ônibus e camiseta pró-porto
por Andrea Vialli e Afra Balazina
O Estado de São Paulo 17 abril 2010

Cerca de mil pessoas compareceram à audiência pública em Ilhéus, Bahia, para tratar do licenciamento ambiental do projeto do porto Ponta da Tulha.A empresa responsável pelo empreendimento, a Bahia Mineração (Bamin), e prefeituras do entorno fretaram oito ônibus para dar quórum à audiência. Aproveitaram para distribuir lanches e também camisetas para os convidados, Eles funcionaram como “macacos de auditório”, soltando vaias ou aplausos, dependendo do que era falado. As camisetas tinham a inscrição “Porto Sul Já” – um slogan que vir ou trocadilho e argumento pronto para os contrários ao empreendimento.
“Porto ‘sulja’. Se eles vão sujar, quem vai limpar?”, provoca Socorro Mendonça, presidente da Ação Ilhéus, organização local contrária ao empreendimento. Segundo ela, o esquema armado pela Bamin e pelas prefeituras só garantiu casa cheia até as 23 horas de anteontem. O transporte contratado tinha hora para voltar, e a audiência pública varou a madrugada. “A empresa fez uma propaganda pesada. Há dois anos a Bamin vem fazendo marketing nas comunidades para convencer a população a apoiar o porto”, diz Socorro.
Para Clóvis Torres, vice-presidente da Bamin, tudo é parte da natureza de uma audiência pública para discutirumempreendimento desse porte. “Quem arca com os custos de uma audiência pública é o empreendedor, e isso inclui infraestrutura e transporte para os participantes”, resume.

O procurador da República Eduardo El Hage confirma que o marketing da companhia tem sido forte na região.“Colocaram outdoors, fizeram campanhas na TV e têm até promovido corridas e campeonatos de surf”, afirma. A população, de acordo com ele, está muito carente com a crise do cacau na região e é induzida a ficar favorável ao empreendimento.

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